sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Obama, realidade ou apenas uma falsa esperança?


"O que quer que nós já tenhamos sido, nós não somos mais uma nação cristã... pelo menos não somente"









Tais palavras seriam sons de um novo mundo? Uma nova ordem mundial? O anticristo, que alguns cristãos fanáticos - e ressentidos - vociferam? (...) De fato, não! Porém, não menos importante do que o anticristo, Barack Hussein Obama tem se saído muitíssimo bem. Pelo menos até agora. Dotado de uma oratória invejável, e de discursos impecáveis [outros diriam impagáveis], o novo presidente dos EUA é considerado, por muitos, como um divisor de águas na política partidária estadunidense. Até mesmo Hugo Chavéz se fez presente nesta crescente lista de positivistas que acham que a vitória de Obama é uma virada de página, como bem afirmou: a vitória de Obama "é o sintoma de uma mudança de época", de acordo com a agência "Brasil de Fato".

Obama propõe um governo que não conta com a ação divina como um elemento que viria para solucionar a grave crise financeira estadunidense. Chegou a sugerir que ainda que fosse levada em consideração uma intervenção divina, segundo o cristianismo, que ele não saberia qual o segmento cristão ele poderia aplicar como sendo o verdadeiro. De certa forma, isso incomoda e irá incomodar muitos cristãos ao longo destes anos em que ele permanecerá na Casa Branca, porém, não podemos esquecer de que a sua proposta parte do princípio de igualdade que o EUA sempre apregoou como sendo o certo a ser seguido. Ter igualdade dentro de uma nação é agir como um Estado laico, sem qualquer esperança de que uma intervenção divina poderá surgir a qualquer momento, e que não faz acepção de pessoas.

Bom, vimos em vários outros momentos que o messianismo não proporcionou melhoras consideráveis. Em grande medida, a expectativa que está nas costas de Obama pode se transformar numa grande decepção, basta que todos conheçam a verdade por detrás de Obama; que ele não é o anticristo ou um messias. Desta forma, todos verão que ele é apenas um homem comum que um dia teve um sonho, tal qual um senhor, igualmente comum, que um dia mudou a história mundial justamente por não aceitar que jogassem terra em seu sonho. Tal homem comum era conhecido como Martin Luter King.

Fernando Henrique Liduário Maximiano


terça-feira, 4 de novembro de 2008

A Diferença Entre Região e Regionalização do Turismo


Na proximidade do novo milênio, em meados dos anos de 1990, muito se ouviu sobre uma nova consciência, a globalização, ecologia, sustentabilidade e uma nova forma de compreender o espaço no qual vivemos, bem como as suas relações com este espaço e tudo o mais que se engendra por este assunto. Partindo deste princípio apresentado por nossa contemporaneidade, um breve ensejo acerca do seria Região e a Regionalização do turismo se faz necessário.


Compreende-se como região, segundo a sua origem etimológica, “a unidade político-territorial em que se dividia o Império Romano”, segundo Corrêa (2001, p. 183). Ainda, segundo este autor, o termo que no latim para região seria régio, que deriva do radical regere. Tal radical conferia à região uma conotação eminentemente política.


Como não poderia deixar de ser, atualmente, a expressão região é empregada no cotidiano como uma forma de se fazer menção a lugares que se diferenciam uns dos outros, tão somente.

A regionalização do turismo é um método para identificação das regiões turísticas, se darmos o sentido de senso-comum ao termo região. Outrossim, tal regionalização para apresentar-se como o processo não só de formação como de transformação de regiões turísticas, podendo, até mesmo, extingui-las ou enaltecê-las.


A regionalização do turismo não se dá como o ato de dividir espaços, segundo alguns critérios, mas como processo de reestruturação social na região turística/espaço turístico.

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Consultas:

CORRÊA, R. L. Região: a tradição geográfica. In: ---. Trajetórias geográficas. Rio de

Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

CORRÊA, R. L. Região e organização espacial. São Paulo: Ática, 1986.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Aplicando a Teoria Crítica da Comunicação na campanha eleitoral de Márcio Lacerda

Um dos aspectos mais trabalhados na construção de uma campanha eleitoral é que o candidato deve passar aos eleitores uma condição de completa ignorância sobre os temas abordados numa dada campanha. Colocar o eleitor na situação de absorver ordens, indicações e proibições só é conseguido após uma constante insinuação de que aquele candidato é o “salvador da pátria” ou ele é mais bem preparado do que ele, o eleitor. E a Teoria Crítica se dispõe a discursar acerca deste assunto e, desta forma, amenizar os efeitos dos Mass Media sobre a população.

Tendo como objeto de estudo a campanha do candidato a prefeito de Belo Horizonte, senhor Márcio Lacerda, este breve trabalho fará uma breve analogia crítica tendo como premissa a lente da Teoria Crítica da Comunicação.

O principal Plano de Governo de Marcio Lacerda é justamente ter as portas abertas para o governo estadual, na pessoa de Aécio Neves. Lacerda conduz a sua candidatura nos trâmites da nostálgica sensação [esta sensação, em grande medida, fomentada em sua campanha] de que os que o antecederam, na prefeitura, poderiam ser responsáveis pelo êxito que ele teria como prefeito de Belo Horizonte. Em termos mais diretos, Lacerda se preocupou em se fazer valer às custas de personalidades consagradas no cenário político estadual e nacional, construindo uma imagem de que terá na segurança de suas palavras [tendo em vista que o seu oponente demonstrou não ter o domínio de seu plano de governo] e no apoio, o seu sustentáculo para poder apregoar a idéia de que não há outra pessoa melhor preparada do que ele para assumir a prefeitura de Belo horizonte.

Outra questão que poderia ser tratada a partir da Teoria Crítica é o fato de dois indivíduos se unirem num conluio e levantar uma pessoa ao status quo de infalível administrador e extremamente hábil a assumir uma prefeitura sem ter uma vida política que o fizesse por merecer tal mérito. A óbvia intenção de manipular tanto esta quanto a próxima eleição [através de jogos políticos que sempre enfraquece um em detrimento a outro] não pode ser ignorada, mas questionada.

Aplicando a Teoria Crítica da Comunicação na campanha eleitoral de leonardo Quintão

Este trabalho se propõe a fazer uma avaliação de algumas propostas aferidas pelo candidato a prefeito da cidade de Belo Horizonte, Leonardo Quintão (eleições 2008), como explicitado em seu Plano de Governo . Tal avaliação terá como premissa a Teoria Crítica avistada na Teoria da Comunicação Social, onde esta se propõe a fazer uma construção analítica do fenômeno eleitoral e atribuir a que força [ou forças] dentro da sociedade parte as bases do plano de governo deste candidato em questão.

A política partidária feita no Brasil em nossos dias, ainda, recebe como influência, uma herança de corrupção e a sensação de que se ganha o candidato que mais promessas fizer, não importando se elas serão feitas ou não. E com o surgimento da mídia, segundo o contexto atual, a indústria cultural encontrou em nossos dias, um terreno fértil por onde tratou de se fazer valer perante todos os artifícios da retórica. Uma sociedade cansada, que por um longo tempo fora obrigado a viver segundo o viés do militarismo armado, logo depois viveu segundo a orientação de um “bom moço” que decidiu, em nome de todos que era hora de abrir as portas para a economia de mercado. O projeto de estruturação neoliberal teve início. Mas ainda sim, a sensação de ter sido violentado novamente deixava óbvio o desejo de que algo totalmente diferente daquele modelo atual pudesse vir como única solução para a frustração de um povo. Porém, este mesmo povo, mais uma vez, viu a sua última esperança messiânica, a imagem de um sindicalista ferrenho, ser amansado pelo “dono da bola”: o Mercado. E é neste cenário que se apresenta Leonardo Quintão.

Numa matéria do site “O Tempo”, assinada por Amália Goulart, diz:

“O candidato do PMDB à Prefeitura de Belo Horizonte Leonardo Quintão quer ajudar os consumidores de bebidas alcoólicas que vêem-se às voltas com a lei seca - que impede o motorista de dirigir depois de beber. Em seu programa de governo ele promete disponibilizar veículos para levar pessoas alcoolizadas para casa. "Com a Lei 11.705, que altera o Código de Trânsito Brasileiro, é preciso disponibilizar serviços de vans atendendo os usuários das regiões de bares e restaurantes. Certamente, os motoristas simpatizariam com a idéia de deixar o carro em casa, caso um serviço dessa categoria fosse oferecido", diz o texto do programa de governo do peemedebista. Quintão não especifica se o serviço seria pago ou uma cortesia da prefeitura. Por outro lado, o candidato quer reduzir o consumo de bebidas alcoólicas entre os jovens, segundo seu programa de governo. Esta proposta também não é detalhada.”

Leonardo Quintão, em sua campanha, apresentou como solução para a nova lei do Código de Trânsito, que impede os motoristas de trafegarem após fazerem uso de bebidas alcoólicas, a disponibilização de vans, pela prefeitura, que iriam levar as pessoas alcoolizadas de volta aos seus lares. Notoriamente, esta proposta tem como principal meta a aceitação de uma possibilidade construída apenas para servir como um atrativo, ainda que tal proposta seja completamente nonsense e completamente fora da realidade.

O seu Programa de Governo teve apenas 15 temas que fora considerado prioritário e que pudesse ter alguma relevância em sua candidatura. Porém, o que mais se viu foram propostas como a supracitada em que a baixa qualidade e o bazófio da idéia de que sua eficácia, como prefeito, estava acima de qualquer racionalidade apenas por apresentar jargões vazios enaltecendo, principalmente, a idéia do amor, dá uma clara idéia de que a Indústria Cultural se fez presente em sua candidatura.


¹Por ter sido derrotado, o site no qual se encontrava o seu Plano de Governo do candidato Leonardo Quintão foi retirado da web.

²http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdNoticia=93491

A República “Varguista” 1930-1945 [fichamento]

Em 1930 surgiu a revolução por conta da confluência de interesses diversos, reunindo elementos descontentes com os rumos do país. Os grupos dirigentes dos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba romperam com a facção paulista por conta da tentativa da oligarquia paulista de continuar no poder, ou seja, os paulistas iriam romper com o acordo existente de alternância com o grupo mineiro do PRM.

O fim da chamada “Republica Velha” se deu após os três estados unirem força e rumar com suas tropas rebeldes em direção ao governo federal, que situava no Rio de Janeiro. Em poucas semanas, estas tropas forçaram o governo federal a renunciar e puseram fim ao sistema que estava em vigor desde 1889.

Entre 1930 e 1945, houve fases distintas que não proporcionaram um desenvolvimento linear, posto que nos primeiros anos, o rumo na direção do autoritarismo ainda não parecia evidente. E o motivo desta não evidência está no rico quadro que se deu após a Revolução de 1930 que promoveu um ambiente propício a experiências partidárias.

No ano de 1922, os partidos se organizaram para disputar as eleições da nova Assembléia Constituinte. Algumas reformar foram implantadas no sistema eleitoral na tentativa de corrigir a falha existente e a corrupção que já era uma prática tradicional na política brasileira – herança do Brasil império. O Voto secreto e a conquista do direito ao voto por parte das mulheres seria a principal inovação assegurada pelo código Eleitoral de 1932.

Durante a primeira fase do governo Vargas, duas experiências partidárias se destacou: AIB (Ação Integralista Brasileira) e a ANL (Aliança Nacional Libertadora) – que era apenas uma cobertura legal para o clandestino Partido Comunista Brasileiro. O destaque destes dois partidos se dá principalmente pelo fato deles promoverem comícios, passeatas e principalmente, conseguiam atrair a participação de multidões em suas campanhas.

Em 1922, teve início o partido PCB, porém, só foi ganhar certa força política a partir de 1930, por conta de uma série de fatores: expansão dos setores modernos, trabalhadores e classes médias urbanas, fruto da expansão industrial e das cidades; o período de experimentação política que tornou a opinião publica suscetível a novas idéias e propostas; e o declínio mundial do liberalismo e principalmente pela filiação de Luiz Carlos Prestes, que era uma das figuras mais populares do Brasil à época.

O PCB despertava em meio ao seu crescimento um grande temor. Tal temor se devia a dois fatores: O partido era acusado de atentar contra a ordem interna e pelo suposto comprometimento com uma conspiração de âmbito mundial sediada em Moscou.

E, por fim, em 1937, Getúlio Vargas deu um golpe de Estado e implantou uma ditadura, que fora batizado de “Estado Novo”. Este regime criado por Vargas tinha muito de ditadura pessoal, bem ao estilo latino-americano. E insatisfeitos com a relutância de Vargas em lhes abrir espaço no governo, os integralistas resolveram tentar chegar ao poder através da força, mas foram derrotados e suas sedes fechadas.

Do golpe de Estado até o fim da Segunda Guerra Mundial, a vida política brasileira ficou restrita apenas ao circulo do grupo ocupantes do aparato estatal. Após a Segunda Guerra, ventos liberais abalaram as estruturas do autoritarismo Varguista.

Conclusão

Este texto apresenta, ainda que sucintamente, a forma que se deu o processo no cenário político brasileiro no período de 1930 a 1945, que se deu sucessivamente nos moldes do liberalismo; o surgimento de idéias comunistas que ao mesmo tempo em que trouxe uma nova possibilidade trouxe também desconfiança; a tomada do poder por Getúlio Vargas e como o seu regime se deu ao estilo latino-americano; o enfrentamento entre forças fascistas, representado pelo partido AIB, e dos militares a fim de manter o poder estatal em voga.

Durante todo este período, o Brasil teve um ambiente rico em possibilidades políticas. E indiferentemente da visão política de quem está comandando, aprendemos que sempre haverá a tentativa de estender o poder e/ou de promover um silencio obsequioso – e aqui tomo a liberdade de usar profanamente tal termo – aos diferentes, que possuem uma maneira de compreender o mundo e suas relações de poder diferentemente dos governantes.